Por que é tão difícil mudar?
Mudar é um desejo comum, mas muitas vezes nos deparamos com resistência e repetição de padrões. A psicanálise oferece algumas explicações para essa dificuldade.
A resistência à mudança: um olhar psicanalítico
Sigmund Freud introduziu o conceito de compulsão à repetição, que seria a tendência inconsciente de reviver padrões, mesmo quando nos são prejudiciais. Jacques Lacan, um outro psicanalista francês expandiu essa ideia com o conceito de gozo. No conceito de gozo, uma satisfação muitas vezes pode estar ligada a algum tipo de sofrimento. Muitas vezes, mesmo desejando a mudança, encontramos um prazer inconsciente na manutenção daquele hábito ou comportamento que queremos mudar ou eliminar.
A psicanálise aponta que possuímos a tendência a repetir experiências, independentemente dos benefícios. Assim, a resistência à mudança pode estar ligada à dificuldade de abandonar padrões conhecidos, mesmo quando queremos transformações.
Um exemplo prático
A procrastinação ilustra bem essa dinâmica. Apesar do desejo consciente de agir, o sujeito que procrastina pode adiar tarefas por razões inconscientes.
- Procrastinar pode ser uma forma inconsciente de rebeldia, de desafiar obrigações impostas.
- O ciclo de procrastinar, sentir culpa e repetir o comportamento se torna familiar e satisfatório, já que o sofrimento conhecido se mostra menos angustiante que o novo (desconhecido).
- Enquanto uma tarefa não é iniciada, ainda há a ilusão de que o desempenho poderia ser perfeito.
Conclusão: como lidar com a dificuldade de mudar?
Mudar é difícil porque envolve abrir mão de padrões conhecidos e enfrentar o desconhecido. A psicanálise nos ensina que a resistência à mudança não é apenas falta de vontade, mas algo enraizado no psiquismo.
O autoconhecimento é essencial para identificar esses padrões e lidar com a transformação de maneira mais consciente, permitindo mudanças mais genuínas e duradouras. A psicoterapia pode te auxiliar nesse sentido!